LITÍASE URINÁRIA
A litíase urinária (ou cálculo renal) é uma afecção muito comum na urologia. Estima-se que entre 7 e 13% da população será acometida por cálculos urinários pelo menos uma vez na vida, as famosas ¨pedras nos rins¨. Vale salientar que ter litíase urinária não significa, necessariamente a necessidade de intervenção medicamentosa ou cirúrgica.
Definição
Os cálculos renais (litíase urinária), nada mais são do que a cristalização de sais minerais que ocorrem nos cálices de nossos rins, onde é produzida a nossa urina.
Eles podem variar de tamanho, localização e composição:
- Cálculos de oxalato de cálcio: >70% dos cálculos.
- Cálculos de Fosfato de cálcio: originados em urina com meio básico.
- Cálculos de Ácido Úrico: 8% dos cálculos. Associados a pessoas com Gota e excesso de ingesta de carne vermelha.
- Cálculos de estruvita: Associados a infecções do trato urinário. Formam os cálculos coraliformes.
- Cálculos de Cistina: ocasionados por um distúrbio genético raro.
Causas
- Baixa ingestão de água.
- Hipercalciúria. Presente em 40 a 75% dos formadores de cálculos. Excesso de absorção de cálcio pelo intestino.
- Infecções do trato urinário.
- Ingesta excessiva de sal.
- Ingesta excessiva de carne vermelha.
QUADRO CLÍNICO
Normalmente os cálculos renais são assintomáticos. O paciente só vai apresentar quadro de dor no rim (cólica nefrética), quando o rim estiver obstruído por algum cálculo.
Usualmente o cálculo que causa a famosa dor, é aquele que migra do rim para o ureter (o canal que leva a urina dos rins até a bexiga). Dependendo do tamanho do cálculo, ele pode impactar no canal e causar hidronefrose (dilatação do rim), provocando assim a dor.
A dor não tem fator de alívio e não é piorada pela posição.
INVESTIGAÇÃO
O diagnóstico clínico da cólica renal e feito pela história e pelo exame físico. Quando há suspeita da presença de cálculos, o próximo passo é pedir exames de imagem.
- Radiografia de abdome: possui uma sensibilidade de 60 a 70% para diagnóstico. Dificultada por ausência de preparo intestinal e obesidade. Lembrando que alguns cálculos não são radiopacos portanto ficam invisíveis no exame.
- USG de abdome: exame não invasivo que complementa a radiografia. Consegue identificar a dilatação do rim e cálculos que não são radiopacos.
- Tomografia de abdome sem contraste: é o padrão-áurea para o diagnóstico de litíase do trato urinário. Possui 98% de sensibilidade e especificidade. Muito útil para avaliar tamanho e localização do cálculo, podendo assim realizar um melhor planejamento da cirurgia.
MANEJO TERAPÊUTICO
Farmacológico
Para tratamento da dor utilizam-se analgésicos, antiespasmódicos, antiinflamatório não-hormonais e até opiáceos, dependendo da intensidade da dor.
Para cálculos menores que 0,7 cm e que estejam próximos à bexiga, a terapia expulsiva está indicada.
A terapia expulsiva constitui-se na prescrição de alfa-bloqueadores (os mesmos utilizados para hiperplasia prostática benigna). Essa classe de medicação tem a capacidade de dilatar o ureter e expulsar o cálculo. Há números que descrevem um sucesso de até 97% com a terapia expulsiva. Lembrando sempre que optar por essa terapia deve ser uma decisão conjunta entre médico e paciente.
Não-Farmacológica
Como já dito anteriormente, a maioria dos cálculos ureterais são eliminados sem a necessidade de uma terapia cirúrgica.
Quando a terapia medicamentosa não é efetiva, partimos para a terapia intervencionista.
Basicamente, hoje em dia, utilizamos dois métodos para resolução de cálculos obstrutivos:
- Ureteroscopia: a ureteroscopia é um tratamento endoscópico para litíase urinária, no qual um aparelho extremamente delicado e fino, equipado com uma câmera, é introduzido no canal ureteral. Com ele o cálculo é visualizado e fragmentado por energia fornecida por uma fibra laser. Existem dois tipos de ureteroscópio, o semi-rígido que atua em cálculos mais próximos da bexiga, e o flexível, que vai para porções mais próximas do rim, ou até mesmo fragmentam cálculos localizados no próprio rim.